16/01/2015

 

Que nunca mais ninguém

Nem drone

gorila

nem turbante

Atire, fure, mate

uma criança.

 

Nunca uma foto mais

De mãe alçando mãos

Para um céu que não existe

de frente aos quatro mínimos cadáveres

furos como insulto

olhos para um nunca

nunca mais

sem brinquedos.

 

Nunca mais

 

Porque se assim não houver,

Não haverá…

 

Eu hei-de levantar

Os satanazes de todas a poesia

Desde antes dos homeros

Das bíblias

Dos corãos

das torás

Dos blasfemos

 

Incendiarei de lástima a vergonha

os deixarei onde estão

de novo no começo

O rabo preso ao galho

catar-se mutuamente

piolhos de gabinete

 

não fere

não arrepia

a mãe

a mão

o morno ainda

pano umedecido

 

mas o que estava à frente

que nunca mais está

pra amanhã desses olhos

desligados

ocos de sonho

lisos

é um deus roubado a nós

roubado ao cada um

de todos

o que viria a ser

 

o paraíso em que nenhum deles

se converteria

 

mas assim

tão estupida

mente roubada

 

sim

estava ali

esse era o paraíso.

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Segundo Sidney Rocha, Marcelo Pérez é o mais brasileiro dos argentinos… Contato: perezman@hotlink.com.br