Desenho Lisboa
Em palavras
E as palavras
Insistem para
Ficarem sós
Sós com a
Cidade
Sós com
Os aromas
Os sabores
O frescor da
Rosa
Em pleno
Outono
Passa o tempo
E eu não
Consigo
Deixar de me
Espantar
Com Lisboa
E seus casarios
E suas incertezas
Nas ladeiras
Nos azulejos
No canto de um fado
A praça da Alfândega
O Chiado
Cidade Baixa
Fundação Gulbenkian
E tudo me encanta
E tudo parece novo
Outra vez
Assim como
Um poema
De Pessoa
Que tu soletraste
Hoje no meu ouvido
(“Lisboa, meu amor”, Patricia Gonçalves Tenório, 26/10/2017, 17h15)
Hoje
Vi Keats
E Wilde
No mesmo
Lugar
Ao mesmo
Tempo
Em um apartamento
Da Piazza di Spagna
Número 126
222 anos
Keats faria ontem
Se vivo fosse
E 163 em 16 de outubro
O seu fiel
Seguidor
Enquanto eu
Aqui
Na Trinitá del Monti
Vejo o sol
Se por
Nas colinas
De Roma
(“Ode aos meus poetas mortos”, Patricia Gonçalves Tenório, 01/11/2017, 17h16)
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* Patricia Gonçalves Tenório (Recife/PE, 1969) escreve prosa e poesia desde 2004. Tem onze livros publicados, com premiações no Brasil e no exterior, entre elas, Melhor Romance Estrangeiro por As joaninhas não mentem (em Outubro, 2008) e Primo Premio Assoluto por A menina do olho verde (em Outubro, 2017), ambos pela Accademia Internazionale Il Convivio, Itália, e Prêmio Marly Mota (2013) da União Brasileira dos Escritores – RJ pelo conjunto da obra. Defendeu em 17 de setembro de 2015 a dissertação de mestrado em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco, linha de pesquisa Intersemiose, “O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde: um romance indicial, agostiniano e prefigural”, sob a orientação da prof. dra. Maria do Carmo de Siqueira Nino. Doutoranda em Escrita Criativa (2017.1) no Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), sob a orientação do prof. dr. Luiz Antonio de Assis Brasil. Contatos: patriciatenorio@uol.com.br e www.patriciatenorio.com.br