Lorsque j’ai murmuré
Denis Emorine
Extrait de Les Yeux de l’Horizon, poèmes (Editions du Cygne, 2012)
A Anne-Virginie
Lorsque j’ai murmuré ton nom
Un cri a retenti tout proche.
Qui marchait ainsi sur nos traces
A la recherche d’un amour perdu?
Nous nous sommes enfuis
D’autres cris et des coups de feu retentissaient.
Ainsi le monde nous avait retrouvés
Ainsi nous reprochait-on quelque part
L’insouciance qui parfois s’accroche
A notre chemin
Et pourtant je n’oublie
Ni le fracas des mots
Ni le fracas des armes.
Je sais que le sang couronne toujours
La perte de l’amour
***
La rue où tu habites
Denis Emorine
Extrait de Les Yeux de l’Horizon, poèmes (Editions du Cygne, 2012)
A Tatiana Samoïlova
La rue où tu habites est
De plus en plus étroite
Elle étouffe le pas des promeneurs
perdus dans le passé.
Un petit garçon s’est égaré lui aussi
Dans la neige salie qui a envahi
Ton quartier.
Tu as beau essuyer
Les vitres embuées de ta maison
On ne distingue plus rien dehors.
Parfois un passant solitaire ralentit le pas
Mais d’un geste de la main
Tu l’effaces de ton horizon.
Tatiana,
Il vaudrait mieux ne plus chuchoter ton nom
Puisque le petit garçon ne te reconnaît plus.
Ta vie s’essouffle
Le silence est un royaume incompris
Tu cherches la bouteille de l’oubli
Mais quelqu’un l’a volée
Au lieu de te prendre la main
Moscou disparaît lorsque le soir tombe
N’ouvre pas la fenêtre, Tatiana,
Tu ne vois pas qu’ils sont tous partis
En emportant ta beauté loin d’ici?
Tu ne prendras plus jamais ton envol
Laisse le petit garçon
Pleurer sur son passé
Le tien a disparu depuis si longtemps
Tu as beau essuyer
Les vitres embuées de ta vie
L’horizon s’efface
Sous la pression de ta main
***
Desde que eu murmurei
Denis Emorine
Extraído de Les Yeux de l’Horizon (Os Olhos do Horizonte), poemas (Editions du Cygne, 2012)
Tradução: Patricia Tenório
Revisão: Ana Lucia Gusmão e Sandra Freitas**
Para Anne-Virginie
Desde que eu murmurei teu nome
Um grito foi contido muito próximo.
Quem caminhava assim sobre nossos traços
Em busca de um amor perdido?
Nós fugimos
De outros gritos, e tiros ressoavam.
Assim o mundo nos havia encontrado
Assim nos censurou em algum lugar
A imprudência que às vezes trava
O nosso caminho
E, no entanto, eu não esqueço
Nem o fracasso das palavras
Nem o fracasso das armas.
Sei que o sangue ainda coroa
A perda do amor
***
A rua onde tu habitas
Denis Emorine
Extraído de Les Yeux de l’Horizon (Os Olhos do Horizonte), poemas (Editions du Cygne, 2012)
Tradução: Patricia Tenório
Revisão: Ana Lucia Gusmão e Sandra Freitas**
Para Tatiana Samoïlova
A rua onde tu habitas é
Cada vez mais estreita
Ela impede o passo dos caminhantes
Perdidos no passado.
Um menino se desviou demais
Na neve suja que invadiu
Teu bairro.
Tu bem limpaste
Os vitrais enevoados da tua casa
Não distinguimos mais nada fora.
Talvez um passante solitário diminua o passo
Mas com um gesto da mão
Tu o apagas de teu horizonte.
Tatiana,
Ele gostaria de não mais sussurrar teu nome
Porque o menino não te reconhece mais.
Tua vida se esvai
O silêncio é um reino incompreendido
Tu procuras a garrafa do esquecimento
Mas alguém a roubou
Em vez de te prender a mão
Moscou desaparece enquanto a noite cai
Não abras a janela, Tatiana,
Tu não vês que eles todos partiram
Levando tua beleza para longe daqui?
Tu não tomarás nunca mais teu voo
Deixa o menino
Chorar sobre seu passado
O teu desapareceu há muito tempo
Tu bem limpaste
Os vitrais enevoados da tua vida
O horizonte se apaga
Sob a pressão de tua mão
______________________
* Denis Emorine est né en 1956 près de Paris.
Il a avec l’anglais une relation affective parce que sa mère enseignait cette langue. Il est d’une lointaine ascendance russe du côté paternel. Ses thèmes de prédilection sont la recherche de l’identité, le thème du double et la fuite du temps. Il est fasciné par l’Europe de l’Est. Poète, essayiste, nouvelliste et dramaturge, Emorine est traduit en une douzaine de langues ; son théâtre a été joué en France, au Canada ( Québec) et en Russie. Plusieurs de ses livres ont été édités aux Etats-Unis. Il collabore régulièrement à la revue de littérature “Les Cahiers du Sens”. Il dirige deux collections de poésie aux Editions du Cygne. En 2004, Emorine a reçu le premier prix de poésie (français) au Concours International Féile Filiochta. L’Académie du Var lui a décerné le «prix de poésie 2009».
On peut lui rendre visite sur son site: http://denis.emorine.free.fr
* Denis Emorine nasceu em 1956, próximo a Paris.
Emorine tem com a língua inglesa uma relação afetiva, porque sua mãe ensinava este idioma. Possui uma distante ascendência russa por parte de pai. Seus temas prediletos são a busca da identidade, o tema do duplo e a fuga do tempo. É fascinado pelo Leste Europeu. Poeta, ensaísta, novelista e dramaturgo, Emorine foi traduzido para uma dúzia de línguas; seu teatro foi apresentado na França, no Canadá (Québec) e na Rússia. Muitos de seus livros foram editados nos Estados Unidos. Denis colabora regularmente com a revista de literatura “Os Cadernos do Sentido”. Dirige duas coleções na Editions du Cygne. Em 2004, Emorine recebeu o primeiro prêmio francês de poesia no concurso internacional Féile Filiochta. A Académie du Var lhe concedeu o “prêmio de poesia 2009”.
Podemos visitá-lo no seu site: http://denis.emorine.free.fr
** Ana Lucia Gusmão cursou Comunicação Social, com ênfase em Jornalismo, na PUC do Rio de Janeiro. Alguns anos depois, fez pós-graduação em Língua Portuguesa e há cerca de 10 anos entrou para a área editorial, fazendo revisão e copydesk para várias editoras cariocas. Contato: algcm.machado@gmail.com
Sandra Freitas é formada em jornalismo pela PUC/RJ. Trabalhou sempre como redatora e revisora em jornais e agências de publicidade do Rio e da Bahia, onde morou durante muitos anos. De volta ao Rio, especializou-se em Língua Portuguesa pela Faculdade de São Bento e trabalha desde então para revistas e editoras cariocas. Contato: sandracolodetti@gmail.com