Desalento
Tanto de mim
Tantos versos.
Eu, aquela moça que nem sabe.
As palavras são um porto
Que aprisionam sentimentos
Trajetórias e retornos
De caminhos inseguros.
Unhas roendo a cova
De batalhas invencíveis,
Vencíveis
São os ossos
De tragédias tão curtas.
Roubada de mim
Quero lavar o rosto,
Esconder as feridas.
Quero sentir o gosto,
Quero viver mais vida.
E aquele retrato, e aquele medo
E o gozo que antes tinha?
O tempo roubou-me a filha
O direito,
A menina.
Do meu não-lugar…
Do desassossego
Brotam-se palavras,
Dos versos,
Insinua uma vida.
E desta casa tão grande…
Só ouço os espaços percorridos
As lembranças forjadas…
O eco de partilhas
Sonhos estraçalhados,
O sol descendo na tarde,
E lá se vai…
Mais um dia.
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* Enviado por Ricardo Nonato: ricnonato2000@yahoo.com.br